O encerramento da produção de veículos da Ford, em 2021, foi um grande choque para a indústria, embora ela já desse alguns sinais de sua despedida. Contudo, engana-se quem pensa que a montadora norte-americana abandonou o Brasil de vez quando fechou suas fábricas.
A empresa mantém sua relação centenária com o país por meio de um centro de pesquisas em Camaçari, na Bahia, um dos mais importantes do mundo. Quanto aos carros vendidos por aqui, o abastecimento é feito por Argentina e Uruguai.
Já o centro de pesquisa e desenvolvimento no interior baiano continua crescendo, e hoje conta com cerca de 1.600 engenheiros e pesquisadores na folha de pagamento. Na época do fechamento das fábricas, eram cerca de 700 funcionários no local.
Centro de pesquisa e desenvolvimento da Ford
O complexo deu origem a três motores usados globalmente pela fabricante e quase metade das inovações em software e tecnologia vistas nos carros da marca, como painéis. Segundo Alex Machado, diretor de Desenvolvimento de Produtos da Ford na América do Sul, o foco é “ser a primeira opção de desenvolvimento de tecnologias” da empresa no mundo.
Fora o laboratório em Camaçari, a Ford também opera por meio de um centro de provas em Tatuí, São Paulo, construído nos anos de 1970. A estrutura atualmente está em obras para receber testes de carros autônomos, que devem chegar a vários mercados internacionais.
“A Ford virou uma grande importadora com área de inteligência. O Brasil tem excelência em engenharia, somos muito criativos. Temos chance de nos tornar protagonistas no cenário de engenharia de mobilidade”, destaca o consultor independente Milad Neto.
Nas vendas, o alvo da Ford no Brasil são modelos maiores, como picapes, SUVs e comerciais leves importados. A marca redescobriu o caminho do lucro no ano passado, quando registrou um crescimento de 40% nos emplacamentos nacionais.