O Grupo Carnaúba ficou conhecido nos últimos anos pelos empreendimentos em construção no litoral do Ceará, mais precisamente no Preá, a poucos quilômetros de Jericoacoara. A holding é dona de uma área de 12 milhões de metros quadrados na região e, no momento, tem dois projetos em andamento: a Vila Carnaúba, um condomínio de alto padrão, e o Carnaúba Wind House, clube para a prática de kitesurf. Agora, o grupo acaba de concluir uma captação milionária que não só quita o terreno adquirido em 2022 como reforça o caixa para acelerar os projetos atuais e futuros.
Em uma operação private placement – exclusiva com clientes da Nippur Finance e SYM Investments, escritórios credenciados à XP (XPBR31)
–, o grupo levantou R$ 77 milhões, valor que se soma a outras duas
captações feitas no ano passado. Uma em agosto, pelo FII XP Grupo
Carnaúba, de R$ 110 milhões, e outra em dezembro, de R$ 30 milhões, em
um follow on [nova emissão no mercado] do mesmo fundo. A
intenção do grupo, porém, era levantar R$ 180 milhões com as operações
feitas em 2023. “Pegamos uma época de mercado muito ruim quando fizemos o
follow on”, explica Julio Capua, ex-sócio da XP e empresário à frente do grupo.
Agora que o Carnaúba terminou de encher “o potinho”, com R$ 217 milhões captados no total, a receita gerada pelos projetos do grupo vai poder ser reinvestida. “É difícil casar 100% o recebível de vendas com obras.[…] Acho que essa captação é uma grande mitigação de risco, pois conseguimos navegar com um pouco mais de folga”, afirma Capua.
Empreendimento milionário
O Vila Carnaúba é um empreendimento com 230 lotes e ocupa uma área total de 516 mil metros quadrados. A primeira fase do condomínio foi entregue no final do mês passado. O grupo Carnaúba vendeu 80% dos 160 lotes disponíveis nessa etapa inicial, alcançando valor geral de vendas (VGV) de R$ 280 milhões. As residências, entregues até 18 meses após a compra, valem entre R$ 3,5 milhões e R$ 6,5 milhões, segundo o grupo.
Capua
explica que a segunda fase do projeto vai contemplar imóveis “mais
baratos”, entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões. “Vamos vender a casa
pronta, pois percebemos que o mercado de compradores de casa é muito
maior do que o mercado de compradores de lote”, diz o empresário. Ele
admite que a estratégia tem um pouco mais de risco, porém gera mais
retorno. “Na fase dois, com menos casas, a gente deve ter um VGV de mais
de R$ 400 milhões”, explica.
Além de mansões, a Vila Carnaúba também vai contar com um hotel da bandeira tailandesa Anantara, previsto para ser inaugurado em 2026.
As
primeiras casas do Carnaúba Wind House têm previsão de entrega para o
próximo mês de outubro. E entre o final deste ano e o começo de 2025, a
ideia é entregar moradia popular, pelo programa Minha Casa Minha Vida
(MCMV), para atender aos trabalhadores do complexo de luxo.
O grupo prevê ainda a construção de mais quatro hotéis de bandeiras relevantes até 2033. Um fundo especializado em hotéis deve ser estruturado para financiar a construção desses empreendimentos, revelou Capua.
“Os 516 mil metros quadrados [do Vila Carnaúba] são apenas os primeiros. Além dos 12 milhões de metros quadrados que compramos, temos direito de preferência a mais 8 milhões. Então podemos chegar a 20 milhões de metros quadrados”, afirma o empresário.