Pesquisadores da Human Security anunciaram nesta quarta-feira (05/03) que pelo menos 1 milhão de dispositivos ao redor do mundo, entre TV boxes, tablets e projetores, estão infectados com um novo malware. A maioria das vítimas está no Brasil.
Apelidada de “Badbox 2.0”, essa é considerada a maior botnet já descoberta envolvendo dispositivos de TV conectados (CTV). Uma botnet é uma rede de aparelhos infectados por malware, controlados remotamente por cibercriminosos.
Na prática, ao adquirir um TV box infectado pelo Badbox 2.0, o consumidor pode ter seu dispositivo utilizado em fraudes sem sequer perceber. Além disso, o aparelho pode ser integrado a redes de proxy ilegais. Cenários mais graves podem conter roubo de dados pessoais e criação de contas falsas para ataques cibernéticos.
Como a operação Badbox 2.0 funciona?

Segundo a Human Security, o Badbox 2.0 realiza quatro tipos de fraude:
- Fraude programática de anúncios: inclui a exibição de anúncios ocultos renderizados por aplicativos pré-instalados e WebViews disfarçados, que redirecionam os usuários para sites de jogos repletos de anúncios;
- Fraude de cliques: dispositivos infectados geram tráfego automatizado para sites de baixa qualidade, clicando em anúncios e esgotando os orçamentos dos anunciantes;
- Criação de nós de proxy residencial: o tráfego é redirecionado através do IP de dispositivos infectados, criando uma rede de proxy controlada por criminosos;
- Apropriação indevida de contas e ataques cibernéticos: roubo de credenciais, criação de contas falsas, exfiltração de informações sensíveis e ataques DDoS são realizados por agentes que adquirem serviços de proxy residencial.
Quais países estão sendo mais afetados?

Os pesquisadores identificaram o malware em 222 países, com grande número de dispositivos infectados nos Estados Unidos, México, Argentina e Colômbia. Mas a maioria das vítimas está no Brasil, onde os TV boxes têm se tornado cada vez mais populares para assistir filmes e séries do streaming e acompanhar jogos esportivos.
Esses dispositivos são explorados para fraudes publicitárias e serviços de proxy clandestinos, e as conexões são usadas sem o conhecimento dos proprietários.
As investigações indicam que diversos grupos, possivelmente ligados a “entidades comerciais” na China, como afirmou à Wired Fyodor Yarochkin, pesquisador sênior de ameaças da Trend Micro, estão por trás das ações coordenadas dos criminosos.
Além de fraudes publicitárias e de cliques, os dispositivos infectados são utilizados para alimentar redes de proxy ilegais, que mascaram atividades suspeitas na internet.
Segundo a Wired, empresas como Google — que colaborou com a pesquisa —, Trend Micro e Shadow Server estão agindo para conter o impacto, bloqueando servidores e encerrando contas envolvidas nas fraudes.
Especialistas alertam que os criminosos seguirão adaptando suas táticas e recomendam cautela aos consumidores ao escolher dispositivos mais baratos, pois podem conter softwares ocultos com fins ilícitos. O Google recomenda verificar se o seu dispositivo é certificado pelo Google Play Protect.